"E tu,
Daniel, fecha estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo: Muitos
correrão de uma parte para a outra, e a ciência se multiplicará" (Daniel 12.4)
A Igreja em momentos de dor, assim como Israel
Daniel teve uma visão profética que o remetia a algum lugar,
muito além de seu tempo. O quadro que a manifesta, é atribuído pelo Senhor a um
tempo futuro - também chamado pelo Senhor de "tempo do fim". A visão
é no mínimo assustadora. Sua abrangência histórica é muito ampla; sua
abrangência profética também. Daniel, sob o peso dessa tremenda revelação,
sentiu-se enfraquecido, quase à ponto de desmaiar. E não era para menos: a
palavra profética tinha tudo a ver com seu amado povo hebreu; povo do qual,
mesmo em distante e prolongado exílio, jamais se esquecera.
No entanto, a revelação aponta, de igual modo, um segmento que
Daniel desconhecia. Daniel percebera com alguma clareza, a presença de um
estranho povo inserido no "momento de dor" que aquela revelação
apontara. Ele não entendera tal presença, e demonstrara sua perplexidade: "Eu
pois ouvi, mas não entendi; por isso eu disse: Senhor meu, qual será o fim
destas coisas?" (Daniel
12.8). A resposta que se segue a esta indagação do velho profeta soa como o
abrir do véu, pelo qual podemos ver a presença da Igreja: "Muitos
serão purificados, e embranquecidos, e provados; mas os ímpios procederão
impiamente; e nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão" (Daniel 12.10).
Cristãos andando sem rumo em nossos dias
Ao examinarmos o quadro profético
exposto aos olhos de Daniel, contextualizando o mesmo com a realidade do nosso
tempo, podemos entender o atual comportamento de muitos daqueles que se dizem
membros da Igreja de Cristo. Percebemos, em nossos dias, aquilo que podemos
identificar como uma lamentável "corrida ao pote de ouro". A
preocupação em se buscar a Deus em nossos dias, para uma grande multidão, tem
muito mais a ver com prosperidade material, econômica, financeira, do que com o
fato de se buscar a Deus para viver a vida em Deus; vida segundo a Sua Palavra.
A correria é tão grande, e envolve um tão grande número de
pessoas, que vários oportunistas procuram aproveitar esta crescente onda para
montar o seu "balcão de negócios", em nome da fé (tal e qual aqueles
vendedores de coisinhas, que aproveitam a onda de um prolongado engarrafamento
para venderem artigos de ocasião à beira da estrada). Os mercadores do templo
estão oferecendo todo o tipo de benesses, de favores em nome do Pai , em troca
de um punhado de moedas. Os motivos para este próspero e crescente negócio,
poderiam até ser considerados válidos, mediante os argumentos usados pelos que
os praticam, caso alguns não estivessem enriquecendo e, até mesmo, tornando-se
milionários graças a isso.
As vezes, sou levado a pensar que as vidas seduzidas por estes
bem sucedidos comerciantes, acabam por merecer tal destino, pois o motivo de
sua procura por Deus é tão banal quanto as promessas dos vendilhões da graça de
Deus. Deste modo, o pagamento que fazem em troca dos favores que pretendem
receber daqueles que estão bem "coladinhos em Deus" lhes dão até o
direito de "reclamar com Deus", no caso de não serem atendidos em sua
busca desenfreada por poder, fama e riqueza (existem alguns que chegam a
incentivar: "Se você contribuiu, pode cobrar de Deus, e até exigir dele, o
seu milagre da prosperidade").
Os que se deixam enredar por tais
promessas de sucesso rápido, em
nome de Deus , acabam por ser tornar tão errados quanto
aqueles que lhes fazem tais promessas. Deste modo, enquadrados diretamente na
profecia de Daniel - quanto aos que "correm de uma parte para a
outra" - tanto os fazedores de promessas como os pagadores de promessas,
acabam por ser arrastados nesta alucinante corrida. São como vidas sem rumo,
correndo em busca do pote de ouro.
Cordialmente;
Bispo Calegari
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